2007 – 2018
ENTRE O SIMBOLISMO E O HOMEM REIFICADO
Que especial agrado para o Museu do Estado do Pará, receber no ano em que se comemora o quarto centenário de fundação da cidade de Belém, a mostra de arte “TUDO TENIS” do artista visual Martin Juef.
Amigo nosso de outros momentos de cultura, Martin oferece à cidade um presente em que, o publico, desde o primeiro contato visual, será solicitado a exercitar particular observação ao conjunto de obras expostas nessa Sala das Artes do MEP; não apenas pela singeleza do fazer técnico propriamente dito, mas, sobretudo, pela forma audaciosa do grafismo quase hipnoticamente digital. De fato, a maestria gestual que estabelece os contornos e configura as motivações recorrentes, engendra em cada desenho, alguns instantes de se fazer acreditar tratar-se de uma plotagem e não de um insólito desenho feito à mão. Porem, a técnica é apenas um lado do expressivo conteúdo individual de cada uma das obras concebidas para a presente mostra, havendo necessidade como de direito à analise do sentimento estético.
Como artista contemporâneo, Martin preocupa-se com as transformações da vida moderna e busca plasmar em suas criações as influências que o hoje cotidiano insere na subjetividade dos comportamentos sociais; viajando com o passageiro da historia da arte, no grande expresso que busca conduzir a tradução das posturas e dos simbolismos imitativos motivados da pós-modernidade.
O contexto das suas construções é embalado pelo pulsar do realismo vivencial racional que, o homem reificado inconscientemente, promove e desvirtua em conceitos abstratos e realidades concretas objetificadas, em comportamentos impessoais e de poucas afetividades.
Frente a esse panorama de fundo incolor, o artista Martin Juef apropria-se com sutileza do rico movimento das subjetividades e transcreve para o seu fazer-arte, a investigação crítica das cenas observadas no campo do jogo das disputas pela imagem fotográfica ficcionalizada do sucesso.
As representações simbólicas apresentadas induzem à avaliação reflexiva das imagens sugeridas, das personagens, seus estilos e as diversidades expressivas que podem produzir culturalmente.
Nesse sentido, podemos nos alinhar ao olhar do sociólogo alemão Georg Simmel quando assinala: “este fato torna óbvio que a liberdade individual (….) não pode ser apenas compreendida num sentido negativo de movimento e abolição de preconceitos e filistinismos mesquinhos; para ela, o essencial é que a particularidade e a incomparabilidade, que finalmente todo ser humano possui em si, se traduzam na elaboração de um modo de vida”.
A Arte de Martin Juef caracteriza-se assim, pela preponderância daquilo a que sua observância pode definir como “o espirito objetivo sobre o espirito subjetivo”, onde os lugares da cultura social são materializados em arenas reais.
Sejam todos bem-vindos ao jogo!
Sérgio Melo
Diretor do Museu do Estado do Pará